Revista de Nossa Senhora
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Mateus: Os excluídos no tempo de Jesus

Publicado em 7 de abril de 2014 / Reportagens >

catequeseNo tempo de Jesus, havia uma variedade de grupos de pobres que eram excluídos na sociedade de Israel. As mulheres formavam a última das últimas categorias de Israel. A mulher não podia estudar, ser discípula, falar durante o culto, ser testemunha, pois ninguém acreditava em palavra de mulher. O pai de família endividado podia vender as filhas para o pagamento. Quando ela se casava, o pai recebia o dote ou pagamento. Jamais um homem dirigia a palavra em público a uma mulher. Essa, se fosse casada, deveria sair às ruas com um véu, deixar-se conduzir em tudo pelo marido e lavar-lhe as mãos, os pés e o rosto quando chegasse em casa. No Templo, os homens ficavam na frente e as mulheres na parte de trás, separadas por grades ou uma parede. O judeu piedoso rezava cada dia, agradecendo a Deus por não ter nascido pagão, nem mulher. Seu valor econômico correspondia ao preço de um escravo, vaca ou jumento (Cf. Ex 20,18).

As crianças, apesar de serem vistas como bênção de Deus, só passavam a serem respeitadas quando entravam na fase adulta, aos 12 anos, no caso dos meninos. As meninas permaneciam na situação de exclusão da mulher. Eram consideradas impuras por tocarem em animais mortos, se machucarem e ter contato com sangue. Não podemos nos esquecer dos tabus que existiam naquele tempo.

Os doentes formados pelo grupo dos cegos, surdos, aleijados, paralíticos e mudos se encontravam numa situação de verdadeira limitação e penúria, agravada pela pobreza. Os leprosos tinham situação ainda pior. Excluídos do Templo, do trabalho, da convivência na cidade e na família, perambulavam pelos campos e encruzilhadas com a roupa rasgada, cabelos e barbas longas – no caso dos homens – e gritando “impuro, impuro!” para evitar o contato humano. Como a medicina era muito rudimentar, qualquer alergia ou doença de pele era considerada lepra.

Os endemoninhados ou possessos também faziam parte do grupo dos doentes. A medicina rudimentar que desconhecia a histeria, a epilepsia, as doenças mentais e outros tipos de doença e a crença popular nos demônios, fazia com que o povo atribuísse ao espírito do mal o que eles ainda não conheciam. Estes tipos de doentes – epilépticos, histéricos, psicóticos e outros – além de sofrer as consequências de sua própria doença, sua exclusão era ainda mais agravada ao ser atribuída ao demônio. Os exorcismos, na realidade, são curas realizadas por Jesus.

O grupo dos pecadores ou impuros era formado pelas prostitutas, adúlteras, cobradores de impostos, os que não conheciam a Lei; certas profissões como médico, parteira, coveiro, açougueiro – por tocarem em cadáveres, animais mortos ou sangue – pagãos e samaritanos, engrossavam a lista daqueles que em nome da religião e de Deus eram excluídos da sociedade. São esses os preferidos de Jesus, a quem o Mestre dirigirá a Alegre Notícia do Reino, se fará solidário e dará sua vida.

Pe. Paulo Roberto Gomes, MSC é teólogo e pároco da Comunidade Paroquial São Paulo, em Muriaé, MG