Revista de Nossa Senhora
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A função pastoral da arte na evangelização

Publicado em 4 de agosto de 2014 / Reportagens >

atualidadeliturgicaO grande poder da arte sacra de comunicar torna capaz de ultrapassar as barreiras e os filtros dos preconceitos para unir o coração dos homens e mulheres de outras culturas e religiões e, ao seu modo, acolher a universalidade da mensagem de Cristo e seu Evangelho.

As obras de arte são inspiradas pela fé cristã – pinturas e mosaicos, esculturas e arquiteturas, marfins e pratas, poesia e prosa, obras musicais e teatrais, cinematográficas e coreográficas e muitas outras – têm um enorme potencial, sempre atual que não se deixa alterar pelo tempo, que passa: comunicam de maneira intuitiva e agradável a grande experiência da fé, do encontro com Deus em Cristo, no qual se revela o mistério de amor de Deus e a profunda identidade do homem.

São João Paulo II definia o patrimônio artístico inspirado pela fé cristã como “um formidável instrumento de catequese”, fundamental para “novamente lançar a mensagem universal da beleza e da bondade”.

Também a imagem é pregação evangélica. Os artistas de todos os tempos ofereceram à contemplação e à admiração dos fiéis os fatos salientes do mistério da salvação, apresentando-os no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Isso é um indício de como hoje, mais que nunca, na civilização da imagem, a imagem sagrada pode exprimir muito mais que a própria palavra, uma vez que é muito eficaz o seu dinamismo de comunicação e de transmissão da mensagem evangélica.

O grande poder da arte sacra de comunicar torna capaz de ultrapassar as barreiras e os filtros dos preconceitos para unir o coração dos homens e mulheres de outras culturas e religiões e, ao seu modo, acolher a universalidade da mensagem de Cristo e seu Evangelho. Sendo assim, quando uma obra de arte, inspirada pela fé, é oferecida ao público no quadro da função religiosa, essa arte se revela como uma mediação, um caminho pastoral de evangelização e diálogo, que possibilita saborear o patrimônio vivo do cristianismo e, ao mesmo tempo, a própria fé cristã.

Reler as obras de arte cristã, grandes ou pequenas, artísticas ou musicais e recolocá-las no seu contexto, aprofundando seus vínculos vitais com a vida da Igreja, em particular com a liturgia, quer dizer fazer “falar” novamente tais obras, permitindo-lhes transmitir a mensagem que inspirou sua criação. O caminho da beleza, tomando o caminho das artes, conduz à verdade da fé, ao próprio Cristo, tornado com a Encarnação, ícone do Deus invisível”. João Paulo II não hesitou em manifestar sua “convicção de que, num certo sentido, o ícone é um sacramento: analogamente, de fato, como sucede nos sacramentos, o ícone torna presente o mistério da Encarnação em um ou outro aspecto.”
Pe. Michel dos Santos, MSC, é vigário paroquial de N. Sra da Soledade em Delfim Moreira/MG