Mídia e você. Tudo a ver. Mesmo trocando uma palavra desta chamada de um canal de televisão, já nos lembramos a quem ela se refere. Não precisa mais do que isso, uma frase, para que o seu cérebro identifique e faça lembrar fragmentos do produto relacionado que você acabou de ler. É assim que as coisas no mundo da mídia funcionam. É preciso ser ágil.
Nossas paróquias também. Há um esforço hercúleo para estar caminhando, se não lado a lado, mas a passos próximos do que hoje conhecemos como mídias e novas mídias: twitter, facebook, blogs. Os trabalhos pastorais podem usufruir deste bem. Não há o que temer. A maioria dos jovens tem um contato bem intenso com elas. Se os jovens têm parte nesse mundo e frequentam as nossas paróquias, por que não ceder a eles um espaço novo, apresentando um trabalho pastoral que queira, além dos métodos tradicionais que atendem a uma grande parcela dos fiéis, alçar vôos nestas novas maneiras midiáticas de se falar de Deus?
Às vezes torcemos o nariz para a internet e tudo o que provém dela, mas certamente deve ter sido assim com o rádio, televisão, telefone e todas as novas tecnologias.
Nesse mês a Revista de Nossa Senhora quer apresentar este tema a você, leitor, além das colunas mensais que falam da catequese, de Maria, de espiritualidade e outras reflexões.
Boa leitura para você!
Texto: Pe. Agenor Girardi, mSc
A irradiação do amor: - O amor não tem objeto. Ele simplesmente existe. Faz bem manter contato com pessoas que irradiam amor. As suas mãos, seu olhar e seu coração têm certa ternura. Não conseguimos descrever o que sentimos quando encontramos tais pessoas. De qualquer modo percebemos que somos aceitos, levados a sério e amados. Nós nos sentimos livres. Não precisamos esconder mais nada sob a proteção de uma máscara ou uma mentira. Podemos ser tais como somos. Seus olhos são convites para simplesmente sermos. Mas, sabemos que isso nem sempre é fácil. A certa altura, os nossos sentimentos de amor desaparecem. A nossa tentativa de amor chega muito rápido ao fim. Muitas vezes as pessoas falam de amor com um rosto que reflete dureza e até mesmo brutalidade. As pessoas percebem se nossas palavras sobre o amor provêm da experiência vivida ou são apenas expressões evasivas.
Um amor que vai além: - Nosso anseio último é o amor pleno. Esse amor absoluto não pode ser o amor de uma pessoa apenas, mas somente o amor de Deus. A sexualidade nem sempre é a expressão máxima do amor. As carícias cessam. O amor se desfaz. Há o esvaziamento da sexualidade. Sem o amor divino a sexualidade pode se tornar um grande vazio. A capacidade de amar vem de Deus, porque Deus é amor. O amor vai além da comida, da bebida, do sexo… As pessoas que preenchem o seu vazio interior com comida anseiam por amor. A comida pode servir como substituto do amor. Os anoréxicos, que não comem, também anseiam por amor. Eles duvidam que alguém possa amá-los e, por isso, punem a si mesmos. Por um lado, desejam ser amados, por outro, têm medo disso. O autodesprezo é a causa de muitos problemas. Como sentir-se o “filho amado” assim?
A sede do amor pleno: - O vício da avareza ou da ganância é uma expressão de que a pessoa foi pouco amada. Quando os filhos roubam, os pais se assustam. Os pais não percebem que os filhos estão tirando aquilo que não receberam. Eles se sentiram muito pouco amados. Têm o sentimento de que foram prejudicados. Agora recuperam sua necessidade de atenção e amor pegando tudo o que os atrai. Outras pessoas têm necessidades de comprar o tempo todo e todos os dias. Em última análise estão querendo comprar o amor. Ao comprar, pensam que estão se dando alguma coisa, estão se tratando bem. Quando as compras se tornam um vício, elas não ajudam as pessoas. Cada vício, em última instância, é uma sede por amor, seja o vício do jogo, das dependências, do sexo.
Preenchendo o vazio interior: - Todo vício é um anseio por amor, mesmo nas formas mais desvirtuadas possíveis. O viciado em ativismo gira em torno do seu sucesso. O “fazer” é a única maneira pela qual ele pode expressar seu anseio de amor. O viciado em jogo, quer em última instância, saber que ele é amado pelo destino e pela sorte. Um jogo bem sucedido corresponderia a sua necessidade de amor. O desejo de reconhecimento e afirmação é o desejo de amor. É o desejo de estar sempre no centro, de chamar toda atenção para si, de destacar as próprias capacidades. A sede de fama é apenas uma variante de nossa sede de amor. Se não há ninguém que nos aprove nos afetos, o vazio interior permanece. Na sede de reconhecimento se oculta sempre o anseio de que alguém nos aceite por completo; de que alguém nos ame.
Recuperando o amor: - O amor humano só terá êxito se não for vivenciado de maneira absoluta, mas sempre como mediação do amor divino. As decepções acontecem quando acredito que a outra pessoa pode me dar amor absoluto. E isso nunca acontece. As decepções são parte essencial do amor. Elas evitam que tornemos as outras pessoas absolutas. Só Deus pode nos oferecer o absoluto. O ser humano é mortal. Envelhece, adoece e morre. Pessoas que se “fixam” nos outros vão, muitas vezes perdê-los de uma maneira rápida devido ao medo, ao ciúme e à desconfiança. É preciso recuperar o amor na sua essência e deixar que as decepções apontem novamente para o amor de Deus.
Texto para oração: João 15,18-27: O ódio do mundo contra o amor.
Pe. Agenor Girardi, mSc é Pároco da Paróquia São José em Francisco Beltrão, PR. Escreve em diversos periódicos ligados a Vida Religiosa.
Seção: Pode perguntar
Texto: Pe. Humberto Capobianco, mSC
Maria das Dores, pelo visto, você, além de ter opinião, parece acompanhar esse tema que está pululando na mídia. Dá até a impressão de que você leu também o documento sobre direitos humanos, publicado há pouco, pelos bispos do Brasil. Parabéns!
Primeiro, é preciso ficar bem claro que a Igreja não é contra os homossexuais. Seria uma contradição e uma incoerência por parte de uma instituição que procura pautar suas diretrizes pelo evangelho de Jesus. De fato, a Igreja já foi muito rígida em relação ao homossexualismo, entre outras coisas porque a moral cristã, tanto a católica como a protestante, sempre teve dificuldade em situar o lugar antropológico e ético do prazer sexual, considerado uma espécie de mal necessário. Aliás, valorizando exageradamente a finalidade procriativa da sexualidade, desprezavam-se outros critérios como, por exemplo, a “filia” e o “ágape” cristãos, magistralmente explicados por Bento XVI em sua primeira encíclica. Em outro pronunciamento, é ele mesmo, o rigoroso Ratzinger da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, quem diz: “ é de se deplorar que pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objeto de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos merecem a condenação dos pastores da Igreja, onde quer que aconteçam. Eles revelam uma falta de respeito que fere os princípios elementares sobre os quais se alicerça uma sadia convivência civil.”
Vai na mesma linha o Catecismo da Igreja, quando afirma que “a homossexualidade implica relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. Esse fenômeno fundamente humano, tem uma origem psicológica ainda sem explicações satisfatórias. Além disso, revestiu-se das mais variadas formas ao longo dos séculos, de acordo com as distintas culturas. A cultura de hoje lhe conferiu algumas características próprias de nosso tempo”.
Maria das Dores, quanto á sua segunda pergunta, embora você encontre entre teólogos, posições as mais diversas, até mesmo opiniões divergentes, a posição oficial da Igreja está claramente exposta na Declaração da CNBB sobre o PNDH – 3, Programa de Direitos Humanos, emanado do governo federal. Na referida declaração, os bispos afirmam, entre outras coisas, que “a mesma veemência que se demonstra na defesa da vida em sua dimensão social, deve ser demonstrada na defesa da vida em sua dimensão pessoal, bem como na defesa de todos aqueles valores e realidades que dignificam o ser humano, como a família, a religião, a reta compreensão da sexualidade, entre outros”. “ . . .” Reafirmamos nossa posição, já muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, da dignidade da mulher, do direito dos pais à educação de seus filhos, do respeito aos símbolos religiosos e contrária à prática e à descriminalização do aborto, ao ‘casamento’ entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos e à profissionalização da prostituição”.
Em suma, embora a Igreja esteja aberta ao progresso das ciências e deixe brechas para a ação pastoral no que tange ao campo da homossexualidade, contudo não é nas ciências que ela vai buscar os critérios decisivos sobre ética sexual. Seus critérios e valores se radicam na fé, permanecendo fiel ao que julga ser a verdadeira tradição cristã, preservando a família e a educação da juventude, hoje ameaçadas por uma vasta onda de permissividade sexual.
Pe. Humberto Capobianco, mSC é Diretor do Colégio John Kennedy em Pirassununga, SP.