Revista de Nossa Senhora
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Maio de 2014

Revista Nossa Senhora – maio - 14.indd

Caros (as) leitores (as)

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Maio é o mês mariano por excelência

Do norte ao sul do Brasil são inúmeras as manifestações religiosas em louvor à Maria. Tempo de graça e alegria. A revista de Nossa Senhora gosta de chamar esse mês de mês do peregrino. Exatamente isso. O motivo é justo.

São centenas de peregrinos que desembarcam no Santuário de Vila Formosa e formam um conjunto gracioso de sotaques e cores. É quase um decreto, mês de Maria é o mês do peregrino devoto de Nossa Senhora do Sagrado Coração.

Nesta edição Ir. Maria da Luz escreve de maneira acertada sobre a presença de um amor misericordioso de mãe quando proclamamos que Maria é mãe dos aflitos e desesperados.

Num artigo simples e tocante convida-nos a pensar sobre a nossa devoção.

Você vai se interessar pelo artigo do Antonio Carlos Santini quando ele cita um depoimento de uma senhorinha de uma comunidade de base num artigo da teóloga Maria Clara Bingemer.

A senhorinha diz: “Aqui nóis tem a missa do padre… e a missa da freira, mas nóis prefere a missa da freira.”

A equipe de redação não se esqueceu de mencionar a santificação de José de Anchieta no artigo de Rosa Maria. Mais um santo nos altares, mais um brasileiro que intercede por nós.

E todos os meses os artigos dos colunistas procuram traçar um panorama da Igreja no Brasil e no mundo. E, claro, não podemos deixar de mencionar a festa em louvor a Nossa Senhora do Sagrado Coração que acontecerá no dia 25 de maio. Será a comemoração dos 75 anos de evangelização. E, você, assinante e devoto é o nosso convidado especial. Confira a programação na página 28.

Boa leitura! A Redação

Segurar e Soltar

interna2Você faz isso como seu cãozinho quando sai a passeio, faz com seu carro, faz consigo. Não há porque não fazer com os filhos. Há hora de soltar a cordinha, o anzol e os freios de mão e de pé. Há hora de frear, prender e segurar, por mais que o cãozinho queira, por mais que o peixe se debata, por mais que seu filho teime. Um dia, ele ou ela terá condições de ir aonde quer, mas agora, não. Ele ou ela reagirá dizendo que sabe, mas não sabe; que saberá se cuidar, mas não saberá. Erro dele ou dela se insistir numa liberdade para a qual não está pronta. Você não pode nem deve ceder. Conforme o caso, o juiz poderá decretar prisão para o casal omisso. Não se solta um filho despreparado para ir…

Mas será erro seu se, estando o filho ou a filha, em condições de ir, por ter idade e, mais do que idade, maturidade para ir você prender ou segurar. E é o que com muitos subterfúgios alguns casais fazem. Mães possessivas ou grudentas demais atrapalham a vida afetiva e o crescimento do seu meninão ou da sua moça. Interferem nos namoros e na liberdade. Os filhos de tais pais ou mães precisam de ajuda para libertar-se, mas tais pais ou mães precisam de ajuda para aprender a soltar sem sofrer chiliques.

Se isto ainda existe? Pois é. Numa era de tanta liberdade e de tanto individualismo há milhares de moçoilos e moçoilas de 35 s 40 anos que não conseguem nem sair do ninho, nem montar o próprio, nem amar o suficiente uma outra pessoa de qualidade, porque o aconchego doméstico virou suave jaula. Os pais não soltam e eles ou elas não querem.

Se é bom? Perguntem aos estudiosos da alma. Em geral não é!

Pe. Zezinho. SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais. www.padrezezinhoscj.com

Não celebro MISSAS…

interna1Segunda-feira de manhã. Entro na padaria para comprar uns biscoitinhos. A jovem balconista me dirige um olhar interrogativo. Cria coragem e pergunta:

- Foi o senhor quem celebrou a missa ontem à noite, não foi?

Com um meio sorriso, respondo:

- Não foi missa, não é? Foi uma celebração da Palavra…

É claro que a jovem ficou meio enrolada, pois grande parte dos

fiéis não faz nenhuma diferença entre duas realidades tão díspares: a Eucaristia plena, com ofertório, consagração e comunhão, e uma reunião em torno da Palavra de Deus, na ausência do sacerdote.

Lembrei-me de um artigo da teóloga Maria Clara Bingemer, no qual ela citava o depoimento de uma senhorinha que participava de uma comunidade rural:

- “Aqui, nóis tem a missa do padre e a missa da freira… Mais nóis prefere a missa da freira!”

Na verdade, o engano dos fiéis é favorecido por um desvio litúrgico muito comum: utilizar o mesmo folheto da missa, seguindo passo a passo os mesmos elementos que compõem a missa, sem excluir as partes típicas da Liturgia Eucarística. O moderador ou animador leigo chega a ocupar indevidamente o altar – exclusivo do Sacrifício da Missa! – e assume gestos e palavras exclusivamente presidenciais, como certas saudações e fórmulas de despedida.

Questionado por incluir o cântico processional das oferendas em uma celebração da Palavra, o ministro leigo retrucou:

- Mas, se não tiver ofertório, como vamos fazer a coleta? (sic)

Em nossa paróquia, os ministros extraordinários da Palavra foram muito bem orientados. Tiveram acesso ao texto da Congregação para o Culto Divino que trata das celebrações dominicais na ausência do presbítero (Ed. Vozes – Coleção Documentos Pontifícios, nº 224). Ali se aprende que, quanto mais a celebração da Palavra se parece com a missa, tanto pior!

Aprendemos que as passagens presidenciais (como a oração do dia ou após a comunhão) passam para a Assembleia, na ausência do sacerdote, mas não competem ao ministro leigo isoladamente.

Um recurso prático para distinguir entre a Santa Missa e a celebração da Palavra consiste em “remexer” com a ordem dos elementos da celebração. Por exemplo, deixar o Hino de Louvor para depois do Evangelho. Ou ainda, adiar o Ato Penitencial como preparação logo antes da Comunhão. Durante os anos em que fui redator de um folheto específico para celebrações da Palavra, sob a supervisão do Pe. Paschoal Rangel, na Editora O Lutador, recorri habitualmente a esse procedimento.

Como ensina o Documento citado, “o leigo que orienta a reunião comporta-se como um entre iguais”, como sucede na Liturgia das Horas, quando o ministro é leigo: ‘O Senhor NOS abençoe’… Não deve usar a cadeira presidencial, mas outra cadeira, fora do presbitério. O altar servirá apenas para os Ministros da Comunhão depositarem as espécies consagradas antes de sua distribuição.

Estas recomendações são datadas de 1988. Ao que parece, poucas comunidades foram informadas…

Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Milagre Eucarístico de Benningem – Alemanha

Russisch-Orthodoxe Kirche der heiligen Elisabeth in WiesbadenA vingança nunca traz boas consequências. O vingador premedita, maldiz e, normalmente, tem por trás de seus gestos a vontade de prejudicar alguém. O milagre que apresentamos neste mês possui esta característica: a vingança. Entenda bem: dois trabalhadores de moinho tiveram ao longo da vida muitas discussões. Diante de brigas comuns desentenderam-se de maneira mais incisiva durante um tempo. A ira apossou-se de um deles que, depois de participar da santa missa e ter comungado, roubou uma partícula consagrada e a escondeu no moinho do outro. Um sentimento de vingança o fez agir assim para que toda calúnia recaísse sobre o outro. Para o caluniador a missa foi apenas um álibi para premeditar, roubar e deixar que o outro sofresse por sua atitude impensada.

Ele esqueceu-se, portanto, que a misericórdia de Deus providencia a justiça e numa festa de São Gregório, a hóstia escondida começou a verter sangue de maneira abundante. Arrependido, o moleiro, que trabalha no moinho, confessou seu crime. O caso, claro, tornou-se conhecido das autoridades eclesiásticas que junto com a comunidade local providenciou a construção de uma pequena capela em honra ao milagre. Com o passar do tempo a relíquia do milagre não foi mais encontrada e atribui-se a isso diversos acontecimentos históricos. Fica, portanto, a mensagem objetiva do milagre. Diante de Deus não pode haver falsidade. É preciso ser justo, fiel e honesto com as pessoas. As adversidades devem ser tratadas claramente e com discernimento.

Desejar o mal a alguém e, mais ainda, propiciar para que este mal aconteça é suscitar em nós sentimentos que deveriam ser banidos do coração. Não podemos criar a nossa história sobre as desgraças dos outros, principalmente se somos nós os causadores delas. Neste milagre de Benningem fica registrado que não se deve construir relacionamentos baseados no ódio ou vingança. Eles jamais prevalecerão diante do amor, misericórdia e justiça de Deus.

Pe. Air José de Mendonça, MSC é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa, SP.