Vocês vão estranhar uma publicação de novembro, sem nenhuma matéria sobre Finados, não é mesmo?
Mas não é bem assim. Mais importante que falar de morte, é falar sobre a esperança na ressurreição, e isto é o que não falta nessas páginas que vocês vão ler.
Vejam, por exemplo, a coluna sobre Espiritualidade, de Dom Agenor Girardi, MSC, sobre a vocação de Mateus: àqueles que estavam mortos no pecado, Jesus vem trazer a vida, “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”.
Vejam o artigo sobre o Coração de Jesus, enfocando a virtude da gratidão, resposta amorosa do homem, retribuindo à misericórdia de Deus; leiam a página de Catequese, falando da Igreja-Comunidade, santa e pecadora, lugar onde experiências de morte nos levam à conversão que é vida e ressurreição; vejam ainda Maria, Mãe da esperança, ela que é chamada Virgem da Ressurreição.
Vocês vão ler ainda o Padre Zezinho, a página missionária, a liturgia e tantas outras que destilam gotas de esperança, de vida e ressurreição.
Caros leitores, envolvam-se com mais esse número de nossa revista e continuem crescendo cada vez mais como pessoas, e pessoas cristãs.
A REDAÇÃO.
Vocação é palavra que frequentemente tem sido usada para rotular um chamado ao sacerdócio ou à vida consagrada. Contudo, vocação, em sentido mais amplo, simplesmente quer dizer “chamado” e, como tal, o termo não pode ser confinado ao sacerdócio ou à vida religiosa somente. Outros modos de vida são tão vocacionais quanto o sacerdotal ou religioso. Portanto, se vocação é “um chamado”, devemos nos preocupar em dar atenção a isso, de modo que possamos conhecer o seu significado mais preciso.
Como pessoas, somos chamados pelo arranjo providencial das circunstâncias, pelas realidades da vida, pelas nossas próprias limitações e potenciais, pelo nosso momento histórico e pelas nossas próprias necessidades intelectuais e psicológicas.
Quando seguimos os ensinamentos dos padres e doutores da Igreja, quanto a este assunto, começamos a entender que a vocação encontra-se no arranjo providencial dos aspectos significativos da vida e pela graça que recebemos para fazer em face de tais situações. Assim, a origem da vocação está sempre no chamado divino. O processo de ouvir e passar pelo crivo do arranjo providencial dos aspectos significativos na vida pessoal, bem como a graça de buscar a verdade da situação individual e de determinar a resposta mais sincera ao amor de Deus é chamado “discernimento”.
Para discernir o chamado de uma pessoa para o sacerdócio, para a vida religiosa ou para o ministério religioso, torna-se extremamente importante ter em mente que essa vocação específica é, primeiramente, um chamado para a dedicação da vida ao serviço de Deus. Como tal, é muito diferente da simples decisão de escolher uma carreira em particular. Não é simplesmente um chamado para fazer algo, embora isso possa ser parte da resposta.
O processo para discernir o chamado de uma pessoa é o esforço, tanto humano como divino, de escolher um estilo de vida que expresse melhor resposta com respeito ao amor e ao cuidado providencial de Deus. Esse proceso nunca pode ser exercitado sozinho, visto que reclama pela interação de duas pessoas: a pessoa do vocacionado e a pessoa de Deus. Assim, o discernimento é algo inerente ao contexto do relacionamento pessoal com Deus.
Outro ponto importante no processo de discernimento vocacional é a oração. Estar sempre orante e na presença de Deus, é indispensável para um bom discernimento vocacional. Só assim, o vocacionado pode dar uma resposta a esse nosso Deus providente que o chama. Assim, podemos afirmar que vocação é a resposta de um Deus providente a uma comunidade orante. Aqueles(as) que ouvem o chamado devem procurar discernir e responder para que estão sendo chamados(as).
Pastoral Vocacional MSC
Texto: Pe. Zezinho, SCJ
Há poucos dias alguém me perguntava o que havia de bonito em ser católico. Comecei pelo “Senhor tem piedade” e terminei pelo “Cordeiro que tiras o pecado!” Acentuei a doutrina do perdão, dos bem-aventurados e salvos, dos perdoados e perdoadores, a universalidade, a busca permanente da unidade, o desejo sincero de auto-superação, os sacramentos e a eucaristia. Listei pelo menos cinquenta valores!
Posso imaginar o bonito de ser judeu, islâmico, ortodoxo ou evangélico. Se acho bonito ser católico, porque não seria bonito para eles ser membros das religiões e igrejas nas quais se sentem mais próximos de Deus? Um ex-crente afirmava, num artigo recente, que, agora, sua vida era mais livre e mais bonita. O ateísmo o libertara! Como não estou na pele dele, não o julgo. Sei de crentes e ateus felizes e de crentes e ateus infelizes. Ele parecia estar feliz! Bom para ele e bom para mim, que também sou feliz!
Mas não é tudo assim tão automático! Não é por comprar novos aros e novas lentes que enxergarei melhor. Não é por ir ao culto e sentir emoções que me torno automaticamente bom católico. Mas se as lentes me ajudarem a sair da minha miopia e, se a intervenção a laser me corrigir as distorções, certamente verei melhor e, se tiver uma boa visão de mundo e de pessoa, serei mais feliz. Isto de ser feliz tem muito a ver com as visões e abrangências do coração.
A religião pode ajudar oferecendo serenidade, posto que os serenos costumam ser mais felizes. Minha Igreja me oferece isto! Sinto pelos outros que não acham pedagogia e perdão no catolicismo. Eu acho!
Aqui entram as religiões e igrejas bonitas! Vão além da estética de seus cultos e da ousadia de suas promessas e milagres. Jesus caracteriza isso com os conceitos de mansidão, coragem, abertura de coração, defesa firme da vida em todos os seus estágios! Chega-se ao céu através do que se faz pela vida na Terra! Corre o risco de perder o céu quem brinca de dono da vida e da verdade!
Proclamo que é bonito ser católico não apenas por ver o que Deus fez e faz por meio dos seus santos, nem apenas pelos santos que ele fez e faz. Os santos são corolários. Essencial é a busca da justiça e da paz! Proclamo que é bonito ser católico não apenas pelas nossas doutrinas, que acho elevadas, exigentes e até difíceis de cumprir, mas pela compaixão e misericórdia implícitas nos cultos e nos sacramentos que celebramos. Proclamo, ainda, que é bonito ser católico quando olho para o Vaticano com suas enormes colunas em curva, que parecem dois braços abertos e sem portões. Entra quem quer e sai quem quer para ouvir nossa mensagem proclamada nas quartas feiras, pelo Sumo Fazedor de Pontes, o Papa.
Em cima daquelas colunas há inúmeras imagens de santos de ontem a lembrar aos de baixo, candidatos de hoje à santidade de sempre, que sem abertura de coração e de mente não vai dar certo! Não, num mundo carente de diálogo e cada dia mais distante dele!
Mais: gosto da coragem dos papas e dos bispos que não têm medo de dizer o que deve ser dito e conseguem dizê-lo de um jeito diplomático e humano. Diria muito mais, mas foi um pouco do que eu disse!
Pe. Zezinho, SCJ é músico e escritor. Tem aproximadamente 80 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais.