Quando você vai a um restaurante e pede a pasta do cardápio, com uma infinidade de iguarias, às vezes fica difícil escolher o prato que vai saciar a sua fome. Há mesmo comidas que lhe apetecem, mas que, por recomendação médica, você deve evitar.
Mal comparando, nossa revista se constitui também num ‘ménu’ variado, mas com a diferença de que o leitor-comensal poderá não apenas provar, mas saborear todos os pratos que nada lhe fará mal. Cardápio simples, mas suculento e saudável, alimentos orgânicos, sem o agrotóxico de ideologias e radicalismos em matéria de doutrina e espiritualidade.
Caro leitor (a), você já está familiarizado com os temas de nossa revista, praticamente os mesmos, mas sempre com um novo colorido. Veja, por exemplo, os comentários de Atualidade Litúrgica e as lições da página de Catequese; a coluna sobre Espiritualidade do Coração, neste número focalizando o coração ferido de Cristo, a cicatriz da nova aliança, bela metáfora do autor; leia Coragem Missionária, reflexões vigorosas do confrade Antônio Carlos Meira, nosso missionário em Portoviejo, Equador. Você vai ler também a sempre aguardada página do Padre Agenor, hoje bispo, com a simplicidade e a sabedoria de sempre; a coluna Pode Perguntar, procurando dirimir alguma dúvida sobre questões de Igreja e de fé; nosso cardápio vai lhe oferecer ainda Notícias da Igreja, o artigo do Padre Zezinho, Testemunhos dos Devotos, a Página Vocacional e o Santuário em seu Lar, um fecho de ouro para falar dela, a dona da revista, Nossa Senhora do Sagrado Coração.
Caro leitor (a ), a mesa está posta.
Bom apetite! Boa leitura !
A REDAÇÃO.
Estar atento aos sinais dos tempos implica olhar este emaranhado de acontecimentos à nossa volta com um olhar de fé, sentindo que Deus também pede coisas diferentes, pede mudanças na vida da gente, para as quais muitas vezes não estamos preparados.
O Dinamismo que tudo muda
De tempos em tempos parece que o ser humano enfrenta novas realidades e novos desafios. Os novos horizontes mudam as antigas referências, ou os esquemas mais ou menos organizados. De um momento para outro, a vida se vê desafiada a debater com ambientes, temas ou situações que antes eram desconhecidas. Esses novos panoramas quando chegam, mudam o rumo da história, dão novo sentido ao cotidiano e desorientam a maneira de organizar o tempo e a vida. A própria consciência do ser humano muda de visão; criam-se novos instrumentos de trabalho para responder aos desafios, há mudança nos entretenimentos e nas formas de jogos e até a maneira de rezar acabam alteradas. Nesse dinamismo da vida e da historia também muitos resistem em aceitar a mudança acreditando que tudo deve permanecer no seu lugar. Esse dinamismo, entretanto, segue a lógica do esforço humano em inventar e desenvolver suas capacidades para cumprir a vocação de criador e re-criador da historia.
Olhar com fé tudo isso
Estar atento aos sinais dos tempos implica olhar este emaranhado de acontecimentos à nossa volta com um olhar de fé, sentindo que Deus também pede coisas diferentes, pede mudanças na vida da gente, para as quais muitas vezes não estamos preparados. O jeito de organizar a vida que pensamos ser perfeita também já passou por transformações um dia. Hoje as formas de vida que pareciam perfeitas estão em crises e são questionados por todos os lados, mas a própria experiência da relação social vai ajudando no seu aperfeiçoamento. E quando atuamos com a experiência de fé, também o Espírito de Deus ajuda a encontrar o melhor caminho para a humanidade.
Como missionários, também andamos em busca de métodos, de novas linguagens que cheguem ao coração das pessoas. Necessitamos reinventar o caminho missionário, com muita escuta e paciência no Espírito Santo. Em cada momento da historia, ou em cada contexto, os conteúdos das mensagens do Evangelho têm certa vigência que se perde na medida em que passa o tempo. O Evangelho permanece o mesmo, mas a maneira de anunciar muda. Esse é o nosso desafio. Hoje, parece que todas as mensagens têm prazo de validade, ou seja, não duram muito. Ou então, devemos saber reinterpretar os conteúdos nas novas situações, mas não repeti-las, simplesmente.
O Espírito Santo e o missionário do Padre
Contemplando toda esta realidade, penso na nossa missão do momento e de cada comunidade, porque vivemos nesta tensão de sempre. O Espírito e a comunidade são os protagonistas que levam adiante o trabalho e nossa alegria é contar com a fortaleza da Fé nessa caminhada, no dia a dia. Quando olhamos a realidade cheia de contradição e o dinamismo da vida que muitas vezes nos desorientam, temos a tentação de interiorizar-nos fugindo da realidade deste mundo que nos parece uma loucura. Mas o Espírito Santo nos leva para o profundo da história, para que cada um de nós seja um instrumento de transformação desta realidade. Porque o Senhor é quem acompanha o seu o povo e nos empurra para dentro dos contextos.
Nos Atos dos Apóstolos, Pentecostes, Ascensão, são apresentados como ícones da comunidade em missão ou de envio para a missão que fez o Senhor antes de partir. A missão nunca é um lugar tranquilo, mas é feita de situações cheias de contradições que até as primeiras comunidades custaram a entender. No meio das realidades conflituosas, o Paraclito sempre antecipava, convidava os Apóstolos a caminhar e a arriscar-se na travessia até se encontrarem em lugares onde parecia não ter o mínimo sentido. Por isso, temos que aprender a conviver e escutar o Espírito na missão nos lugares de dificuldades. Hoje, nas orações é comum invocar o Espírito de Deus para que nos ajude a realizar o que nos propomos fazer. Mas na verdade, temos que aprender que Ele já nos espera, nos convida a trabalhar. Devemos estar dispostos a seguir aonde Ele nos guie.
“Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Prepare-se e vá para o sul, pelo caminho que desce de Jerusalém para Gaza; é o caminho que se acha no deserto. Filipe levantou-se e foi”. (Atos 8 , 26)
Pe. Antônio Carlos Meira, MSC é missionário no Equador