Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Sagrado Coração realizou mais uma visita paroquial. De 24 de agosto a 01 de setembro, ela visitou as comunidades da Paróquia São Miguel Arcanjo – localizada no bairro Jardim da Conquista (Travessa Pé de Manacá nº 57, próxima a Av. Jacú-Pêssego).
Agradecemos a toda Paróquia São Miguel Arcanjo pela acolhida da Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Sagrado Coração e de nossos padres Missionários do Sagrado Coração que realizaram as santas missas. Agradecemos também ao Frater José Eduardo Paixão mSC, seminarista que faz uma bela atividade na Paróquia São Miguel Arcanjo e se empenhou bastante na concretização dessa semana especial de oração.
A todos, nossas gratas orações por essa tão feliz visita!
Nem bem absorvemos as ricas e variadas mensagens da Jornada Mundial da Juventude e já Nos encontramos a celebrar, como todos os anos, o mês das vocações no Brasil. De fato, a própria JMJ já teve também um forte apelo vocacional. Muitos jovens participantes, certamente, sentiram, de maneira forte, a voz interior para viver bem a vida, não importando qual estado de vida.
A primeira vocação é o chamado de Deus à vida e a vivê-la na correspondência ao desígnio de Deus. A isso, o papa Francisco exortou os jovens de muitas maneiras, quando os encorajou a não perderem a esperança, a não se conformarem com o consumismo e o hedonismo, a terem a coragem de ir contra a corrente, a serem solidários… Viver, humanamente, de forma plena e frutuosa, também é parte da vocação à fé e à vida cristã. O papa Francisco exortou os jovens a serem protagonistas de um mundo novo.
Agosto, mês das vocações, no Ano da Fé: que há de novo nisso? As vocações, na Igreja de Cristo, não são compreensíveis a não ser à luz da fé. O que dá sentido à vida do Padre e à sua dedicação “às coisas de Deus?” Por qual motivo alguém parte para as missões no meio de povos que não conhece e a eles dedica sua existência inteira? O que explica alguém consagrar sua vida inteiramente a Deus, já neste mundo, vivendo desapegado de coisas boas que a vida oferece? Como explicar que jovens continuem a casar e casais vivam, mesmo com dificuldades, um casamento fiel, santo e sintonizado com a vontade de Deus?
A resposta é só uma: a fé, como resposta a Deus, fruto de uma profunda experiência de Deus. A fé verdadeira faz perceber a vida a partir de um horizonte novo, que não despreza o horizonte das realidades humanas e das deste mundo; a fé é uma luz sobrenatural que se irradia sobre toda a realidade e a faz conhecer a partir do olhar de Deus. Não é por acaso que o título da encíclica do papa Francisco sobre a fé é: Lumen Fidei – A Luz da Fé. A fé, dom de Deus, dom sobrenatural, dá uma capacidade que vai além da nossa natureza. Na Carta aos Hebreus lemos que “a fé é um modo de já possuir o que ainda se espera; é a convicção a respeito de realidades que não se veem” (Hb 11, 1).
Sem fé, não há vocação sacerdotal ou religiosa, nem vocação ao matrimônio ou verdadeira vocação laical. “Sem a fé, é impossível agradar a Deus, pois é preciso crer que Ele existe e recompensa os que dele se aproximam”, diz ainda a Carta aos Hebreus (11, 6). A vocação, no sentido cristão e eclesial, nasce e se desenvolve no diálogo da fé, na consciência das pessoas, no ambiente de oração, de escuta da Palavra de Deus e da prática da vida cristã. Sobre isso, falou de maneira magistral o beato João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal “Pastores dabo vobis” – Dar-vos-ei Pastores…
Muitas vezes se pergunta: Por que as vocações diminuem? Por que não despertam novas vocações sacerdotais e religiosas? As respostas podem ser várias, mas a principal é esta: por causa da generalizada crise religiosa e da crise de fé. A abundância de religiosidades ainda não significa abundância de fé cristã. Sem um clima de fé nos vários ambientes que formam e marcam as pessoas, dificilmente surgem vocações; a fé, experimentada e vivida pessoal e eclesialmente, torna possível o surgimento das vocações.
A vida na fé, consciente, serena e alegre, faz perceber e valorizar o chamado de Deus; ao mesmo tempo, torna possível cultivar e manter uma ordem de valores e escolhas na vida, para perseverar na resposta ao chamado de Deus. A conclusão necessária, pois, parece-me ser esta: ajudar os jovens a terem uma boa iniciação à vida cristã, como “vida na fé”, nos vários ambientes em que eles vivem. Mas, sobretudo, nos espaços da família e da comunidade eclesial. Isso ainda é possível? A JMJ foi uma amostra dessa possibilidade.
Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo.
Depois de mostrar como a comunidade deve ser fortalecida, João ajuda a comunidade a entender a crucifixão de Cristo. Quando falamos da morte de Jesus, não estamos procurando culpados. Não podemos nos colocar no lugar de quem julga e condena os seus adversários. No entanto, percebemos que Jesus sempre que necessário, criticou severamente os erros da sociedade, principalmente das lideranças. Fez isto por amor ao seu povo e por sua fé. O povo judeu que o conheceu, em sua grande maioria, sentia-se entusiasmado com suas palavras e ações, mas não se comprometia com sua causa. Era um povo desorganizado, sem voz, sem vez e sem acesso à informação.
As lideranças do judaísmo eram sensíveis ao que podia ameaçar a identidade judaica. Muitos desses líderes sentiam-se incomodados e ressentidos com Jesus e sua postura.
As autoridades romanas ocupavam a Judéia política e militarmente, pois eram encarregadas da segurança do Império. Elas reprimiam tudo o que pudesse ser risco para a ordem pública. Geralmente não entendiam as discussões e brigas dos judeus.
A prisão (18,1-11) e o processo religioso de Jesus (18,12 a 19,16) mostram a preocupação de Anás, sogro do sumo sacerdote Caifás, com relação aos discípulos, o futuro do movimento (18,19) e dos ensinamentos de Jesus, que poderiam dividir o judaísmo.
O processo político, que interessa mais ao evangelista, é uma forma de afirmar diante da potência que dominava tudo, a diferença entre o Império Romano e o Reinado de Deus. No centro da narrativa da paixão se encontra a realeza de Jesus: ele é coroado de espinhos, vestem-lhe um manto vermelho, zombam dele dizendo “Salve, rei dos judeus” e há uma solene apresentação para o povo: “Eis o homem”.
Pilatos admite duas vezes esta realeza e escreve, em tom de zombaria sobre a cruz, o letreiro em três línguas. Quer dizer: Jesus é condenado por ser rei. Para o povo judeu as palavras Messias (palavra em hebraico) e Cristo (em grego), cuja tradução é “Ungido”, fazem referência ao rei. Uns esperavam um chefe político e militar ou um sumo sacerdote-rei que devolveria ao povo sua liberdade e independência. Para Pilatos dizer que “Jesus é rei” é admitir um rival para o Imperador. E para Jesus? Para Jesus o papel do messias era outro: em nome de seu Pai promover uma convivência humana, digna e justa, sem excluídos ou oprimidos, estando a serviço da defesa da vida. Jesus não usou o título Messias/Cristo por prestar-se a mal-entendidos. Somente a Igreja nascente, à luz de sua ressurreição e glorificação, passou a chamá-lo com este adjetivo.
Numa sociedade teocrática, em que o poder era exercido em nome da religião, a postura de Jesus mexeu com todas as estruturas, tornando-se um perigo para os líderes judeus e para os romanos.
Em sua crucifixão (19,28-30) todos o abandonam. Só um pequeno grupo permanece ao pé da cruz. Para João, a crucifixão é a “Hora” de Jesus e sua glorificação, ou seja, manifestação do seu amor. De pé permanece sua mãe, símbolo da Igreja, e o discípulo amado, modelo de todo aquele que quer seguir o Senhor. Na cruz, Jesus nos entrega o Espírito Santo. Para João a crucifixão é a morte de Jesus, sua glorificação (ressurreição) e ao mesmo tempo Pentecostes (19, 30). Depois de morto (19,31-42), o golpe da lança faz brotar do seu lado sangue e água, os sacramentos fundamentais da Igreja: batismo e eucaristia (v.34).
Pe. Paulo Roberto Gomes, MSC é teólogo e pároco da Comunidade São Gonçalo, em São Gonçalo, RJ.
Há quase 25 anos, pertenço a uma comunidade católica cujo carisma é a obediência. Em detalhes: “obediência amorosa e incondicional à Igreja”. Por isso mesmo, encaro sempre com certo espanto a atitude – cada vez mais frequente – daqueles que se julgam no direito de contestar (ou ignorar) a voz da Igreja de Jesus Cristo. Como no caso daquela freira que, ao ouvir falar de nosso carisma, fez cara de nojo e exclamou: – “Obedecer à Igreja?! Mas é a Deus que nós devemos obedecer!”
Claro: é mais fácil obedecer aos deuses que habitam a ionosfera ou as escarpas do Olimpo do que obedecer ao Deus que fala por mediações humanas, como o coordenador de equipe, o senhor vigário, o excelentíssimo bispo diocesano ou um simples pai de família. O fato de serem essas mediações pessoas imperfeitas e pecadoras de nenhum modo lhes tira o caráter de falarem em nome de Deus.
Caso concreto de desobediência franca (e descarada) ocorre em relação ao Concílio Vaticano II, quando os Padres conciliares, iluminados pelo Espírito, produziram documentos solenes sobre a Igreja, sua natureza e missão, sua liturgia, suas relações com as outras religiões, a situação dos fiéis na cidade dos homens etc. Prontamente ergueram-se vozes dissonantes para discordar do Magistério eclesial ou, no mínimo, fazer a pergunta desajeitada: “Posso desconsiderar o Vaticano II?!”
No prefácio de seu livro [O que diz o Concílio Vaticano II, Ed. Cultor de Livros, São Paulo, 2012, 102p.], minha amiga Margarida Hulshof parte dessa constatação:
“O Concílio Vaticano II foi, sem dúvida alguma, um acontecimento extraordinário, que marcou profundamente os rumos de nossa Igreja. Mas tem sido também alvo de muitas controvérsias, debates e críticas. Tem sido, muitas vezes, mal interpretado, e usado como pretexto para diversos tipos de desvios e rebeldias que ele, na verdade, não autoriza.”
Margarida tem razão. Boa parte desses críticos nem chegou a ler (menos ainda: a meditar em oração) a íntegra dos documentos conciliares. Basta que um parágrafo desminta a vertente ideológica do eventual leitor para que este sofra um acesso de alergia intelectual e sua língua destile o veneno da rebeldia.
Escreve a Autora: “Algumas vezes, essa ‘rebeldia’ se manifesta na forma de um apego exagerado à tradição anterior ao Concílio, como se toda e qualquer renovação posterior a ele fosse prejudicial à Igreja e devesse ser combatida, ainda que à revelia da legítima autoridade.”
Aí está o nervo exposto. Em tempos de individualismo sem freios, a simples menção de uma “autoridade” desencadeia a síndrome de Gênesis 3: eu mesmo decido o que é bom e o que é mau… Ora, diante de uma Igreja que é Mãe e Mestra (ah! que saudade de João XXIII!), o fiel só pode agir como filho e discípulo. Mãe é para ser amada, não acusada nem condenada.
Essa recusa de uma atitude filial pode explicar muitas defecções, muitas resistências, muitas heresias. Procura-se por uma Igreja à moda da casa, uma Igreja “do meu jeito”, uma Igreja que se adapte à minha filosofia, à minha moral particular, a minhas comodidades. Não admira que muitos batizados andem saltando de galho em galho, em autêntica ginástica religiosa, passando de Igreja em Igreja, em busca da versão mais fácil do Evangelho.
Convido o leitor a examinar com atenção o novo livro de Margarida Hulshof. Com disciplina e carinho, ela nos fornece um resumo eficiente dos documentos conciliares – que a grande massa de fiéis ainda ignora – e nos ajudará a degustar com gratidão esse rico acervo de doutrina, alimento seguro para nossa caminhada entre pedras e espinhos.
Alguns vêm pedindo por um Vaticano III. Tudo bem. Mas não seria o caso de, antes, viver o Vaticano II?
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.